De acordo com a minuta, estima-se que mais de 56 milhões de brasileiros são fiéis de igrejas tradicionais e neopentecostais.
Santana também atua na organização de um evento em 7 de fevereiro, em Fortaleza, no qual pretende reunir cerca de 200 pastores e líderes dessas denominações para a apresentação da carta de princípios do pré-candidato.
Logo nos primeiros itens, o texto afirma que “as reuniões de cultos promovidas pelas igrejas não serão utilizadas para divulgação de candidatos, pois trata-se de local e momento inapropriado”, e que se buscará “apoio individual das lideranças eclesiásticas e de influenciadores de nicho, mas não será fechado o apoio institucional de igrejas”, para evitar o que se classifica de “voto de cabresto”.
O item 4 da minuta afirma que Moro defenderá “a não ampliação da legislação quanto ao aborto e uma defesa, cada vez maior, da preservação da vida humana em todas as suas manifestações e desde a concepção, assim como dos direitos do feto, conforme ditames da lei brasileira em vigor”.
A carta prega a valorização da família e o respeito às “preferências afetivas e sexuais de cada indivíduo” e atribui ao Estado o dever de “evitar ao máximo invadir a esfera desta liberdade privada” e “preservar os menores da sexualização precoce, fruto de políticas da chamada ideologia de gênero”.
A comunidade LGBTQIA+ rejeita o uso de “preferências” e adota o termo “orientação” ao tratar da sexualidade dos indivíduos.
O documento também trata do enfrentamento à criminalidade e à corrupção, com “efetiva aplicação da sanção penal e coibição do sentimento de impunidade”, além do fomento à “governança, integridade, accountability e o compliance nas relações pessoais, sociais e institucionais”.
Há também itens dedicados à defesa da pluralidade política, à liberdade de expressão e o combate ao dis,curso de ódio e ao incentivo à violência.
Com este documento, Moro pretende se firmar como um candidato conservador e se mostrar confiável e respeitoso em relação ao segmento evangélico. Por isso há tanto críticas a bandeiras progressistas, como a ampliação da previsão legal do direito ao aborto, quanto ao tratamento das igrejas como “curral eleitoral” e à radicalização do discurso contra as instituições democráticas.
“Os evangélicos não podem repetir o que ocorreu no Chile”, afirma Uziel Santana, ecoando recente artigo em que citou a eleição do esquerdista Gabriel Boric sobre o ultraconservador Jose Antonio Kast.
No texto, o jurista argumentava que os evangélicos chilenos, tal qual os brasileiros, são relevantes, mas não formam maioria suficiente para eleger um presidente e, por isso, precisariam fazer uma “aliança de valores e princípios (…) que também seja pragmática, pensando em vencer as eleições”.
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