Combate à corrupção
Em entrevista à CNN, Sergio Moro falou sobre o combate à corrupção e sua saída do atual governo, onde atuou como ministro da Justiça por pouco mais de um ano.
Em abril de 2020, Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública horas após a publicação da exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Em anúncio de despedida, Moro afirmou que a troca do comando da corporação foi ocasionada por interferência política de Bolsonaro.
“Eu era tido como um juiz rigoroso, mas na minha avaliação eu apenas apliquei a lei para quem pagou ou recebeu suborno. E depois, dentro ministério da Justiça, quando eu vi meu trabalho comprometido, porque não tinha apoio do governo, quando foi rompida comigo a promessa de que nós não protegeríamos ninguém, eu saí do governo”, afirmou.
Eu não vou ficar no cargo de ministro por prestígio e poder à custa dos meus princípios, até porque não são meus princípios, são princípios do povo brasileiro, o povo brasileiro quer pessoas honestas dentro da política
Sergio Moro
Supremo Tribunal Federal
Para Moro, a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) em ações de combate à corrupção apresentou erros. Ele destaca o fim da execução em segunda instância, a transferência de casos de corrupção para a Justiça Eleitoral e a anulação da condenação do ex-presidente Lula.
“Uma crítica que tem que ser feita, é que nos últimos anos o STF tomou decisões que enfraqueceram o combate à corrupção. O fim da execução em segunda instância, a transferência de casos de corrupção para a Justiça Eleitoral, que não está bem preparada para cuidar desses casos, e o caso da anulação da condenação do ex-presidente, que com todo o respeito ao Supremo, foi um gritante erro judiciário”, afirmou Moro à CNN.
Projeto no Podemos
Sergio Moro se filiou recentemente ao Podemos e se tornou pré-candidato à Presidência da República. À CNN, Moro falou sobre os principais projetos na política partidária. Segundo ele, o objetivo vai muito além do combate à corrupção.
“Fui convidado a apresentar meu nome no Podemos e estamos construindo um projeto que envolve tanto o combate à corrupção como também o enfrentamento das dificuldades que hoje sofrem a população brasileiro, o desemprego, a fome que nós vimos retornar, a inflação elevada, o combate à pobreza, a retomada do desenvolvimento econômico. Então esse projeto transcende, ele é muto mais amplo do que um mero combate à corrupção”.
Erradicação da pobreza
O combate à fome e à pobreza foi enfatizado por Sergio Moro em entrevista à CNN nesta terça-feira, o ex-ministro falou sobre uma força-tarefa de erradicação da pobreza e a criação de uma agência independente.
“O que nós temos conversado com muitos especialistas a respeito, é importante uma abordagem mais individualizadas das causas da pobreza. O que leva uma determinada comunidade a não escapar da armadilha da pobreza, o que leva família a não conseguir escapar desse ciclo de pobreza, temos que identificar essas causas. Pode ser uma falta de emprego, uma oportunidade de ensino, às vezes até de tratamento de saúde”, comentou.
Sem especificar como funcionaria uma “agência independente” no combate à fome, Moro destacou a necessidade de uma abordagem diferente da adotada por governos anteriores.
“É preciso ajudar as pessoas a serem resgatadas desse ciclo da pobreza, isso envolve uma abordagem diferente da que vem sendo feita, por isso eu falei na criação da erradicação da pobreza, seria a criação de uma agência independente, e teria uma missão muito específica, acabar de vez com a pobreza no Brasil. Nós podemos fazer isso, o Brasil tem uma economia grande o suficiente para suportar esses custos”, acrescentou.
Privatização da Petrobras
Ao destacar seus possíveis projetos sob filiação do Podemos, Moro não descartou a privatização da Petrobras, uma vez que seja feita com estudos e aparato da ciência.
Moro defendeu uma economia liberal, onde, segundo ele, o papel da iniciativa privada deve ser o de buscar inovações e abertura de mercados.
“Vejo o papel do estado dentro da economia como um papel regulador, qualquer decisão de privatizar a Petrobras depende de uma análise de como isso será feito, estamos indo para um mundo em que a preocupação é a economia verde, a sustentabilidade, fonte de energia renovável, estamos presos numa discussão sobre a privatização da Petrobras que é do século passado”, afirmou.
Se do ponto de vista econômico for bom para a economia a privatização da Petrobras, se isso gerar eficiência para nossa economia, a decisão tem que ser tomada. Não posso fazer essa afirmação sem que façamos um estudo. Política pública tem que ser baseada em evidências, em fatos e em ciência
Sergio Moro
Responsabilidade social x responsabilidade fiscal
Mais cedo nesta terça-feira, Moro esteve no Senado Federal para defender a aprovação da PEC apresentada pelo senador Oriovisto Guimaraes, seu correligionário no Podemos, como alternativa à PEC dos Precatórios aprovada na Câmara.
A PEC 41/2021, do senador Oriovisto Guimarães, define – por meio do cortes de despesas – recursos orçamentários para o financiamento do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) sem furar o teto de gastos e sem dar calote nos servidores com créditos judiciais a receber.
O ex-ministro defendeu que é possível conciliar a responsabilidade social com a responsabilidade fiscal ao criar um auxílio à população. Moro ainda declarou que quando aprovado em 2016, o teto de gastos resultou na queda dos juros, o que impulsionou a recuperação da economia.
“Não vamos fechar os olhos para o rompimento do teto de gastos. Isso vai gerar um aumento da inflação, que vai ter que ser respondido pelo Banco Central, com o aumento dos juros. Isso terá como consequência a perda da responsabilidade fiscal do Brasil perante a comunidade internacional. É possível conciliar responsabilidade social com responsabilidade fiscal”, afirmou.
Filiação e candidatura
Sergio Moro se filiou ao Podemos no dia 10 de novembro e se tornou pré-candidato à Presidente da República.
“Moro coloca seu nome à disposição. Nosso objetivo é que a 3ª via consiga vencer, e hoje ele é pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos. Sonhamos com um homem sério como ele para cuidar do futuro dos nossos filhos, alguém que tem seriedade e responsabilidade com o que diz e com o que faz”, afirmou a deputada Renata Abreu, presidente nacional do Podemos.
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