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Dólar opera em queda com ajuste, mas altas de juros e recessão seguem no radar

Foco do mercado é a reunião de política monetária do Federal Reserve na próxima semana
Joshua Mayo/Unsplash

dólar caía 0,61%, cotado a R$ 5,462, por volta das 9h25 desta sexta-feira (22), com um movimento de ajuste após a forte alta na véspera. Entretanto, os investidores seguem avessos a riscos, com foco nos ciclos de alta de juros em países ricos e seus possíveis efeitos na economia global.

Nesta semana, o Banco Central Europeu (BCE) iniciou seu ciclo de alta de juros com uma elevação de 0,5 ponto percentual, a primeira desde 2011.

Já na próxima semana, o Federal Reserve dará continuidade ao seu ciclo, com a expectativa de um novo aumento de 0,75 ponto percentual, o segundo consecutivo. O temor do mercado é que o processo leve a economia mundial a uma recessão devido ao efeito de desaceleração dos juros altos.

Internamente, o real também é prejudico pela intensificação do risco fiscal no Brasil, gerado pela PEC dos Benefícios e pelos temores de que o governo possa realizar ou indicar novos gastos fora do teto, o que afasta investidores estrangeiros.

Neste pregão, o Banco Central realizará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de setembro de 2022.

Na quinta-feira (21), o dólar teve alta de 0,66%, a R$ 5,496, no maior valor desde 24 de janeiro. Já o Ibovespa avançou 0,76%, aos 99.033,17 pontos.

Sentimento global

Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A alta foi de 0,75 ponto percentual, maior desde 1994, e novas elevações na mesma magnitude não foram descartas.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Entretanto, o combate do país à maior inflação em 41 anos gera crescentes temores de uma recessão na maior economia do mundo devido à necessidade de um aperto monetário agressivo. O risco leva a uma aversão a riscos, favorecendo o dólar e prejudicando ativos considerados arriscados, caso do mercado brasileiro.

Por outro lado, novas restrições em cidades da China foram anunciadas no início de julho, revertendo um cenário de otimismo sobre uma retomada da economia do país após meses de lockdown em Xangai e Pequim. O quadro reforça temores de uma desaceleração econômica chinesa e consequente queda na demanda por commodities.

No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

Com a combinação de ambientes interno e externo adversos, a retirada de investimentos prejudica o Ibovespa e favorece o dólar em relação ao real.

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