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Divergências e convergências entre o Liberalismo e a democracia

Especialista analisa a relação entre ambos os pensamentos
Foto: Divulgação

Democracias capitalistas podem se organizar de diversas maneiras e, ao comparar países diferentes, muitas divergências podem ser encontradas. O Brasil que, por exemplo, tem um sistema que se apoia na intervenção do Estado, é bem diferente dos Estados Unidos, que se estrutura com uma liberdade econômica maior e sem com uma menor interferência do Poder Público.

Promovendo uma análise sobre esta questão, o presidente da Fundação da Liberdade Econômica (FLE), Márcio Coimbra, conversou com Paulo Kramer, mestre e doutor em Ciência Política. Com o tema “Convergências e divergências entre o liberalismo e a democracia” o conteúdo pode ser conferido no site da instituição e no Spotify.

Por mais que seja comum que as pessoas associem ambos os termos como sinônimos, os seus significados são bem diferentes. Como explica Coimbra, “Liberalismo é a doutrina de limitação do poder do Estado sobre o indivíduo. Já a Democracia é o método de tomada de decisões conforme a opinião da maioria”, disse.

Não necessariamente os países democráticos são liberais, como defende Krame, que considera que a liberdade econômica é essencial para que sociedades democráticas possam evoluir. “Democracia sem liberalismo resulta no esmagamento dos direitos e liberdades das minorias pelas maiorias”, afirmou ele.

O histórico do Liberalismo

O Liberalismo Inglês, bastante influenciado por Edmund Burke, está atrelado ao Conservadorismo quanto ao ordenamento econômico. O que faz com que as tradições sejam respeitadas quando se organiza a legislação, pois pensadores liberais econômicos têm a compreensão de que as leis nada mais são do que o reflexo das tradições.

“As mudanças não podem ser de forma abrupta. Elas precisam ser graduais. Na medida que as mudanças se sedimentam na sociedade, começam a criar raízes e reflexos, aí sim precisam ser colocadas como leis”, comentou Kramer.

Nos países da anglosfera, ou seja, que possuem a língua inglesa e compartilham de costumes semelhantes, o liberalismo fincou suas raízes de forma mais profunda. Enquanto na Europa, a sua implementação aconteceu de forma acidentada.

A diferença entre as duas sociedades citadas se dá por meio das divergências no sistema eleitoral. “Enquanto na Inglaterra e nos EUA o voto é distrital, em que o eleitor tem mais condições de controlar o eleito, nos países europeus o voto é proporcional, uma forma de organização em que se tem a ilusão de que todas as correntes de opinião da sociedade vão se espelhar no parlamento e, no entanto, o que acontece é um grande déficit de governabilidade”, argumentou o Kramer.

Outro fator que dificultou a entrada da liberdade econômica nos países do Velho Continente, segundo o especialista, é o choque com o tradicionalismo e o imobilismo. “O conservador não é imobilista e nem reacionário. Ele sabe que o que está errado e que precisa ser mudado, porém entende que esta mudança leva tempo”, apontou o doutor em Ciência Política.

O Conservadorismo e o Liberalismo

O pensamento conservador entende que as mudanças na sociedade precisam acontecer de forma gradual, respeitando as tradições, costumes e instituições da sociedade. A organização social é cultural, mas a cultura também pode mudar. Entretanto, esta mudança acontece de forma mais lenta por meio de um processo de persuasão e não de coerção – como acontece no Brasil.

“Tentam mudar a sociedade por intermédio da lei, não buscam mudar a lei por intermédio da sociedade”, afirmou Coimbra. “Um governo incapaz de mudar é um governo incapaz de sobreviver”, informou.

O Liberalismo no Brasil

A tradição brasileira está associada ao pensamento patrimonialista, em que o Estado considera que o bem público pode ser incorporado ao seu patrimônio privado. Apesar de vivermos em uma democracia, quando as pessoas podem trabalhar em liberdade, expressar suas opiniões e responder unicamente pelos seus próprios atos, a tendência é que as elas não aceitem a liberdade econômica.

 

“O liberalismo no Brasil ainda é uma plantinha frágil” expressou Kramer. “É comum que as pessoas até prefiram uma certa opressão do Estado, mas tenham a segurança que ele proporciona”, reiterou ele.

O especialista continuou “de 0 a 10, em termos de liberalismo, o Brasil ainda não chegou nem à nota 5. Acredito que, com o trabalho de pessoas como nós, liberais conservadores, que creem que as mudanças profundas, verdadeiras e duradouras são lentas, conseguiremos aos poucos instalar essa consciência de que a democracia é importante, mas o liberalismo também” concluiu.

Sobre a FLE

A Fundação da Liberdade Econômica (FLE) é um centro de pensamento, produção de conhecimento e formação de lideranças políticas. É baseada nos pilares da defesa do liberalismo econômico e do conservadorismo como forma de gestão. Criada em 2018, a entidade defende fomentar o crescimento econômico, dando oportunidades a todos. Nesse sentido, investe em programas para a formação acadêmica, como centro de pensamento e desenvolvimento de ideias. Ao mesmo tempo, atua como instituição de treinamento para capacitar brasileiros ao debate e à disputa política.

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