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Debate da Globo: Lula vai responder a ataques e Bolsonaro quer furar bolha

Com agendas esvaziadas nesta quinta, ambos deverão passar o dia se preparando para o encontro.
Imagem: Reprodução

As campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm tratado o debate da TV Globo, na noite de hoje (29), como um dos momentos cruciais da corrida eleitoral de 2022. Com agendas esvaziadas nesta quinta, ambos deverão passar o dia se preparando para o encontro.

Esta será a segunda vez que os dois poderão se enfrentar diretamente —a primeira foi no debate presidencial promovido por UOL, Folha de S. Paulo, Band e TV Cultura, no fim de agosto. Também participarão Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D’Avila (Novo), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB).

  • Estagnado nas últimas pesquisas eleitorais, Bolsonaro pretende usar o programa da emissora com maior audiência no país exatamente para furar a bolha e tentar expandir o eleitorado. Para isso, focará em ataques a Lula.
  • Já o petista pretende manter a estratégia adotada nesta campanha: focar em pautas de economia e renda. E, diferente do último confronto, Lula deverá responder de forma mais incisiva quando for atacado –ele foi criticado por parecer apático no estúdio da Band.

Falar para fora da bolha. Auxiliares de Bolsonaro enfatizaram a necessidade de o presidente conseguir falar para além dos convertidos. Nas palavras de um integrante da campanha, “ele precisará sair da bolha e desgastar ainda mais o Lula”.

Por mais que o núcleo da campanha avalie a participação de Bolsonaro como boa no debate do SBT, no último sábado (24), o presidente não conseguiu criar uma mensagem ou alguma frase de impacto que atingisse eleitores indecisos, por exemplo.

Nas conversas com auxiliares nesta semana, segundo apurou o UOL, Bolsonaro mostrou “ótimo humor” e estava bastante animado. O presidente já está com os dados de seu governo em mãos e “tem tudo na cabeça”, dizem.

Ao ataque. Bolsonaro terá um alvo prioritário: desgastar Lula. A orientação é para ele não aliviar e focar no discurso da corrupção. Pesquisas internas mostram que o maior engajamento nas redes sociais durante o último debate ocorreu quando o presidente partiu para cima do adversário abordando este tema.

A resposta na internet ocorreu dentro e fora da bolha bolsonarista. Existe inclusive o conselho para usar o termo “ex-presidiário”, com Lula no mesmo estúdio. No SBT, o presidente utilizou a expressão, mas o adversário faltou ao debate.

Por outro lado, segundo um assessor, Bolsonaro tem repetido nos bastidores que “todos são sempre contra ele”. Mas deve se policiar para não perder a cabeça —especialmente contra jornalistas mulheres, como fez com Vera Magalhães.

Confusão não arrumo… Lula foi orientado a se manter nas pautas propositivas. À frente em todas as pesquisas, com possibilidade de vitória no primeiro turno dentro da margem de erro, a estratégia da campanha é não criar desgastes desnecessários nem se arriscar demais.

É o famoso “em time que está ganhando não se mexe”, dizem membros da campanha, entre as frequentes referências a futebol. O petista deverá seguir tentando puxar o debate para emprego, renda, poder de compra e consumo e cotidiano do brasileiro.

Como tem feito desde o começo da campanha, o grupo avalia que é o bolso o ponto de maior trunfo do discurso de Lula e é a única coisa que pode unir a ampla gama de espectadores da Globo.

…Mas também não peço arrego. Isso não significa, no entanto, que não deverá responder a ataques. No último debate, essa mesma estratégia —de evitar desgaste— desandou em uma percepção de apatia do ex-presidente, em especial no embate com Bolsonaro sobre corrupção.

Agora, a proposta é que Lula revide —e até provoque, sutilmente.

Outra diferença em relação ao último embate é prestar atenção na postura de Ciro Gomes. Se antes Lula tentou uma aproximação e levou uma invertida, neste, já se prepara para uma posição ainda menos amistosa do antigo aliado, que tem aumentado as críticas contra ele. Em suas falas, o petista também tem distribuído cutucadas ao pedetista.

Cancelou viagem. O único consenso entre as campanhas é que o programa pode ajudar a definir os rumos do pleito. Ambos tiraram o dia de hoje, às vésperas das eleições, só para se preparar para o debate.

Bolsonaro novamente recusou treinamento profissional, o famoso media training, mas ao longo da semana conversou com seus principais auxiliares sobre qual estratégia adotar. Até o fim da noite de ontem (28), a agenda oficial do presidente não previa compromissos e ele decidiu, de última hora, cancelar uma viagem a Uberlândia (MG) e Belo Horizonte para se concentrar.

O objetivo é que Bolsonaro chegue com “a cabeça fria”. Antes do debate, porém, ele ainda avalia se vai realizar a sua live semanal, já do Rio de Janeiro, para chamar apoiadores para acompanhar e repercutir o programa nas redes sociais.

A exemplo do que foi a preparação para a entrevista ao Jornal Nacional e para os demais debates, a estratégia de Bolsonaro é traçada pelos principais personagens da campanha: os ministros Ciro Nogueira (PP-PI) e Fábio Faria (PP-RN), o ex-secretário de comunicação Fabio Wajngarten, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o marqueteiro Duda Lima.

A avaliação feita por integrantes da campanha, que admitem que o presidente está em desvantagem, é que o programa pode ser a “última grande chance” para reduzir a diferença nos votos e chegar ao segundo turno.

A previsão é que Bolsonaro retome as agendas nas ruas na sexta (30) com previsão de motociata em Poços de Caldas (MG). Para sábado (1º), a programação ainda não foi fechada, mas o presidente deve fazer mais passeios de moto.

Dois dias de preparação. Lula não cancelou viagem, mas, numa atitude inédita desde a pré-campanha, tirou dois dias só para se preparar. Sem agendas públicas ontem e hoje, o petista já viajou para o Rio.

Lula tem a companhia de assessores e, antes do programa, deverá falar com coordenadores de comunicação da campanha —o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), e o deputado Rui Falcão (PT-SP)— e com o ex-ministro Aloízio Mercadante (PT), coordenador do plano de governo.

O ex-presidente vai fazer um intensivo em números de sua gestão, que tem repetido com frequência, em especial para comparar com o desempenho atual das áreas social e econômica.

O momento também servirá como descanso. Com eventos diários desde agosto, Lula já volta à correria amanhã (30), com caminhadas em Salvador, pela manhã, e Fortaleza, pela tarde. No sábado, volta para São Paulo para o último ato de campanha do primeiro turno na rua.

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