Senadores da CPI da Covid pressionam hoje o deputado estadual Fausto Junior (MDB-AM) a esclarecer o motivo pelo qual ele não incluiu o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), no relatório da CPI da Saúde, realizada em 2020 no Legislativo estadual para investigar indícios de corrupção durante a pandemia.
Junior presta depoimento hoje à CPI do Senado na condição de testemunha convocada. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), é mandatário eleito pelo Amazonas. Até as 12h30, a audiência foi marcada por um acalorado debate sobre questões locais e troca de farpas entre o deputado e Aziz. Em momentos de maior tensão, o depoente reclamou que se sentia ameaçado.
O presidente da CPI da Covid disse considerar que as respostas de Junior sobre a responsabilização ou não de Wilson Lima eram insuficientes. Ele sinalizou que poderá incluir o deputado no rol de investigados da comissão e defendeu quebra de sigilo para empresas e pessoas que fariam parte de uma suposta rede de conexão entre o governador e o emedebista.
A temperatura da audiência foi elevada sobretudo quando o depoente sugeriu que, caso a CPI da Saúde no Amazonas indiciasse Lima, Aziz, que já governou o estado (entre 2010 e 2014), também deveria o ser. A declaração ocorreu em tom de provocação.
Aziz: Quem faz o processo indenizatório não é o governador do estado, são as secretarias.”
Fausto: Foi por isso que Vossa Excelência não foi indiciado.”
Aziz: Não fui porque não tenho culpa, primeiramente.”
Fausto: Nem o governador Wilson Lima.”
A CPI amazonense, da qual Junior foi escolhido relator, sugeriu a responsabilização de 50 pessoas ao fim da apuração de indícios de corrupção e outras irregularidades no estado no período de 2011 a 2020 —com foco na pandemia.
Diante das cobranças de Aziz, o deputado sustentou alegações de que os poderes da comissão são limitados. E que coube ao Parlamento fornecer as informações consideradas relevantes aos órgãos de controle, que teriam real competência para eventual responsabilização.
No decorrer dos trabalhos, outros senadores também fizeram críticas ao governo amazonense e propuseram que Junior e outros deputados se mobilizem em favor da abertura de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito. O depoente respondeu que não havia assinado requerimento com tal finalidade por considerá-lo “vago”.
O Amazonas sofreu graves consequências nos primeiros meses de 2021 devido ao agravamento da covid-19 no país. A rede de saúde entrou em colapso e pessoas morreram nas filas de hospitais e unidades de saúde, sem acesso a oxigênio.
Governo do estado negava crise
Junior também declarou hoje considerar que o governo local negava, no começo do ano, a gravidade do avanço da pandemia na região.
Conteúdo UOL
Foto: Divulgação

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