Para enfrentar os impactos da estiagem, que afeta diretamente a qualidade da água nos rios da região, o Governo do Amazonas, através da Defesa Civil e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), instalou purificadores de água potável em cinco comunidades nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) dos municípios de Novo Aripuanã e Manicoré (respectivamente, a 227 e 332 quilômetros de Manaus).
A instalação dos equipamentos, realizada entre os dias 10 e 19 de setembro, faz parte da Operação Estiagem 2024, lançada pelo governador Wilson Lima, em 5 de julho. A ação garante que as famílias dessas áreas ribeirinhas tenham acesso à água potável, essencial para a preservação da saúde e a prevenção de doenças. O secretário da Defesa Civil do Estado, coronel Máximo, destacou a importância dessa iniciativa para a proteção das comunidades em áreas remotas.
“Nosso compromisso é garantir que essas populações tenham acesso à água de qualidade, especialmente em um período de estiagem intensa. Essas iniciativas são parte do esforço contínuo de prestar assistência humanitária”, afirmou.
As comunidades Santa Rosa e Delícia, na RDS do Rio Madeira, e Santa Maria, Urucury e Pandegal, na RDS do Rio Amapá, receberam os purificadores em abril deste ano, como parte de uma série de ações emergenciais voltadas para mitigar os efeitos da seca prolongada.
“Foi aproximadamente um ano e quatro meses de trabalho, entre fazer todas as articulações e a busca desse material, além de aguardar o momento da cheia para que a gente pudesse fazer o translado. Essas comunidades que receberam o material ficam isoladas no período da seca. Precisávamos de uma boa programação para que a gente pudesse fazer um trabalho de qualidade”, explicou o gestor da RDS Rio Amapá, Rosivan Moura.
Qualidade da água
Os purificadores de água instalados são reconhecidos por sua eficácia na remoção de bactérias, sedimentos e outros contaminantes, tornando a água dos rios própria para o consumo humano. Cada kit possui capacidade para purificar até 5 mil litros de água por dia, beneficiando diretamente centenas de moradores que enfrentam desafios com a escassez e a contaminação da água devido à diminuição dos níveis dos rios.
O equipamento de filtração é composto por carvão mineral particulado e areia. A água também recebe purificação com sulfato de alumínio e cloro 70%. O sulfato ajuda na decantação de sedimentos, enquanto o cloro auxilia na eliminação de microrganismos e coliformes fecais.As estruturas montadas possuem suporte para a caixa d’água, torneiras, além de saídas para esvaziamento da caixa, limpeza dos canos e retrolavagem. Todo o kit possui durabilidade de oito a 14 anos, a depender do manuseio.
Benefícios para o futuro
O acesso às comunidades durante a seca é desafiador. A comunidade Santa Maria, a 26 quilômetros de Manicoré, por exemplo, só é acessível durante a estiagem por travessia terrestre, exigindo uma caminhada de 2 quilômetros mata adentro. Pandegal, localizada a 20 quilômetros do município, requer 3 quilômetros de travessia combinando praia e mata, enquanto Urucury, a 27 quilômetros da sede, demanda um percurso de 2 quilômetros dentro da floresta.
Para todas as comunidades beneficiadas com o projeto, foi oferecido apoio logístico. “A Sema financiou os materiais para a gente retirar a madeira para a construção da estrutura, alimentação, gasolina, correntes. A montagem foi por nossa conta, a comunidade fez essa contrapartida. Foi o maior desafio para nós, porque nunca lidamos com uma estrutura dessa altura, mas obedecemos a planta, fizemos tudo certinho”, relatou o segundo tesoureiro da Associação de Moradores da comunidade Santa Maria, Zaqueu Campos.
Os comunitários que auxiliaram nas construções também receberam uma capacitação para manter as estruturas, caixa d’água e purificador. “A vinda da Defesa Civil na nossa comunidade foi crucial. A formação técnica para conhecermos esse processo foi trazida por eles. São agentes que contribuem para o nosso conhecimento local e ambiental. A partir de hoje, nossos comunitários vão poder tratar muito melhor a água que nós temos”, declarou a presidente da comunidade Urucury, Jhuacelly Campos.
“É um patrimônio que nós estamos recebendo hoje que não servirá só para o hoje, mas para o futuro também. Com a mudança que nós estamos tendo no clima hoje, essa estrutura será muito valiosa para os nossos filhos, que aprenderam conosco hoje a cuidar da água, e a manter esse pequeno espaço que nós criamos dentro da comunidade”, completou.
Ao todo, a ação já beneficiou 133 famílias em Unidades de Conservação. Outras instalações serão programadas em mais três comunidades. “Já passamos por comunidades onde a única água disponível para beber era fétida, com muitos sedimentos de matéria orgânica em decomposição. De coração, ver os comunitários poderem pegar aquela água e beber me deixa muito feliz e satisfeito. Trabalhar com as comunidades tradicionais é uma missão desafiadora, porém muito satisfatória”, completou o gestor da RDS do Rio Amapá.
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