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Cientistas alertam para novas pandemias com asfaltamento de rodovia na Amazônia

Na revista Nature, os pesquisadores brasileiros publicaram um parecer técnico criticando as obras na BR-319, que atravessa a floresta amazônica
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Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Os cientistas Lucas Ferrante, da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), e Guilherme Becker, da Universidade Estadual da Pensilvânia, publicaram um artigo na revista Nature alertando para os riscos do asfaltamento da rodovia BR-319.

De acordo com os pesquisadores, além de aumentar o desmatamento e as queimadas em certos pontos da Amazônia, a obra pode também elevar o risco de espalhamento de zoonoses. Inclusive abrindo precedentes para uma nova pandemia.

Sobre a BR-319

Ela foi construída em meados da década de 1970, durante o período de ditadura militar brasileira. O trecho de 800 quilômetros conecta Manaus, no Amazonas, até Porto Velho, em Rondônia, atravessando a floresta amazônica.

Contudo, por ter sido abandonada, a rodovia se torna intransitável em alguns momentos do ano, especialmente durante a estação chuvosa. Por isso, o projeto de asfaltamento da BR-319 ia entrar como parte do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado em agosto de 2023.

No entanto, o governo federal recuou na decisão e solicitou mais estudos que compreendam os impactos socioambientais da construção.

O que diz o parecer técnico

Segundo Ferrante e Becker, a região compreendida pela rodovia contempla um trecho da Amazônia que é o maior reservatório de patógenos do Brasil. Por lá, há uma quantidade grande de vírus, fungos, bactérias e príons.

Esses agentes podem ser vetores de doenças infecciosas, que tendem a passar para diversas espécies de animais e, possivelmente, para humanos. Com isso, há o risco de novas pandemias e a iminência da perda da biodiversidade da fauna e flora local.

“O asfaltamento aumentará tanto o desmatamento como a mobilidade humana na região. Estes fatores tendem a propiciar saltos zoonóticos que podem resultar em uma sequência de pandemias e no fortalecimento da disparidade na saúde pública”, explicou o cientista brasileiro ao jornal O Globo.

Dessa forma, os pesquisadores defendem no artigo que o governo federal brasileiro feche a BR-319 de maneira definitiva. Por fim, para isso é preciso também suspender as licenças de instalação e manutenção da rodovia.

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