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Cenário para 2025: mais inflação e menos crescimento

A expectativa hoje é de que a taxa Selic suba rapidamente e permaneça elevada em torno de 15% em 2025, impactando o crescimento econômico, estimado em cerca de 2% para 2025 e 2026.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Em 2024 a inflação medida pelo IPCA deverá fechar em 4,9% e para 2025, o índice projetado pelo Focus é de 4,8%; muito acima da meta contínua de inflação de 3% para o segundo trimestre de 2026. A expectativa hoje é de que a taxa Selic suba rapidamente e permaneça elevada em torno de 15% em 2025, impactando o crescimento econômico, estimado em cerca de 2% para 2025 e 2026.

É impossível prever hoje com alguma certeza quanto será a inflação e o crescimento nos próximos anos, mas é certo que a taxa de câmbio acima de R$6 terá consequências relevantes para a trajetória de preços em reais nos próximos meses.

Uma questão central no debate econômico atual é a comparação da situação presente com a crise brasileira de 2015. Entre 2014 e 2015, o Brasil apresentou um resultado de balança comercial próximo de zero. Atualmente, a balança comercial brasileira gira em torno de US$ 80 bilhões em 12 meses, um resultado muito mais robusto. Um fator relevante aqui é o crescimento da conta petróleo, que se tornou o principal produto de exportação do Brasil, superando soja e minério de ferro.

No entanto, o déficit externo em serviços também é significativo, o que nos leva a um déficit em conta corrente de quase 3% do PIB em 2024. O investimento direto estrangeiro se mantém forte, próximo a u$70 bilhões em 12 meses, mas há uma saída de capitais muito forte pela conta financeira. Há também ainda um expansão relevante do crédito no país de 10% em 2024, diferentemente da forte contração observada durante a crise de 2015.

A maior diferença entre o presente e a crise de 2015 está no crescimento econômico. Atualmente, o Brasil cresce a uma taxa de 3,5%, enquanto em 2014 o crescimento era próximo de zero. Esse dinamismo atual aparece no crescimento das importações (17% ao ano) e dos investimentos (10% ao ano). Na época da crise de 2015 tanto o crescimento quanto investimentos estavam estagnados. A taxa de desemprego se assemelha nos dois períodos, girando em torno de 6%.

Por outro lado em 2014, a inflação estava em 6,5%, com aceleração para 10% em 2015, acompanhada de uma forte desvalorização cambial. Entre 2014 e 2015, o câmbio sofreu uma desvalorização drástica, passando de R$ 2,40 para R$ 4,00. Atualmente, a desvalorização cambial ainda que forte é menos acentuada, o que contribui para um IPCA menos pressionado. Em 2015 essa brutal desvalorização do real ajudou a levar o IPCA para 10% no ano.

A relação do Executivo com o Congresso é hoje melhor do que em 2014, marcado por um ambiente político conturbado e pautas-bomba que dificultaram a governabilidade. O impulso fiscal continuará positivo em 2025, com expectativas de ajustes nos próximos meses mas sem a magnitude do programa Levy, que implementou um ajuste fiscal drástico, resultando em contração de investimentos e gastos públicos em 2015.

Naquela época a dívida bruta estava em 60% do PIB; agora já se aproxima de 80% e a conta de juros dos próximos 12 meses deverá superar a marca de R$1 trilhão, um valor brutalmente maior do que o déficit primário de R$50 bilhões dos últimos 12 meses. Essa dinâmica de endividamento e de déficits nominais elevados está na raiz do estresse financeiro do momento. Não será fácil desarmar essa bomba de gastos com juros nos próximos meses.

Embora não se vislumbre uma crise de grandes proporções no horizonte, 2025 será certamente um ano mais desafiador, com inflação pressionada, Selic elevada e desaceleração do crédito. No entanto, é sempre bom lembrar que as previsões econômicas estão sujeitas a muitos erros, como demonstrado novamente pela diferença entre as expectativas iniciais e os resultados finais de 2024. O que vai acontecer de fato em 2025 ninguém sabe.

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