— Depois do crime que cometeu lá, ele fez algo muito parecido com isto na selva — disse o coronel Bivens. — Portanto, não é surpresa para mim que ele consiga durar um tempo — acrescentou.
As autoridades brasileiras disseram que, em 2017, Cavalcante atirou e matou Valter Júnior Moreira dos Reis em uma praça de Figueirópolis, uma região rural no norte do país. Cavalcante trabalhava em uma fazenda de gado, administrando vacas e máquinas, disse Dayane Moreira dos Reis, irmã do homem morto. Ela disse que ele tinha uma reputação terrível na cidade.
— Meu irmão mencionou para nós em casa que ele [Cavalcante] tinha muito acesso a armas — disse Dayane em entrevista por telefone.
Dayane disse que Cavalcante e seu irmão eram amigos íntimos, mas que no verão de 2017, o agora fugitivo começou a enviar-lhe mensagens de texto ameaçadoras. Ela incentivou o irmão a ficar longe da cidade, mas em novembro daquele ano ele voltou para tirar uma nova carteira de motorista. Certa manhã, ele estava na praça da cidade com amigos quando Cavalcante chegou, disse Dayane.
— Eu fui embora — disse ela. — Quando cheguei em casa, ouvi os tiros — acrescentou.
Cavalcante atirou seis vezes em Moreira, segundo a polícia, e depois fugiu. A polícia disse que o motivo do crime foi uma dívida não liquidada relacionada ao conserto de um veículo. As autoridades vasculharam a área, mas não conseguiram localizar Cavalcante.
Dayane disse que sua família estava com medo agora que Cavalcante havia saído da prisão. Sua mãe, em particular, está preocupada com a possibilidade de Cavalcante retornar ao Brasil, como os promotores do condado de Chester acreditam que ele vinha tentando fazer desde que foi capturado em 2021, após matar Debora Brandão, sua ex-namorada.
A irmã mais velha de Debora, Silvia, que mora no Brasil, disse que a vítima se mudou para os Estados Unidos em 2017, trazendo seus dois filhos pequenos alguns anos depois.
— Era o sonho dela dar-lhes uma educação, uma vida melhor — disse ela.
Debora conheceu Cavalcante por meio de amigos em comum em um churrasco no bairro, disse sua irmã em entrevista por telefone na sexta-feira.
— Ele parecia ansioso para agradar — disse ela.
Eles namoraram por mais de um ano, mas a personalidade de Cavalcante pareceu mudar e ele começou a agir de forma mais agressiva, disse ela. Debora decidiu terminar o relacionamento, disse a irmã, mas Cavalcante recusou. De acordo com depoimento em seu julgamento, Cavalcante tornou-se fisicamente abusivo, chegando a ameaçar matá-la. Quando Debora soube que ele era procurado por homicídio no Brasil, ela disse que contaria à polícia se ele se aproximasse dela.
Ele apareceu na casa dela um dia de abril de 2021. E com os filhos dela olhando, ele sacou duas facas, jogou-a no chão e esfaqueou-a 38 vezes. Enquanto a filha de Debora fugia, Cavalcante jogou uma pedra nela.
Agora, com Cavalcante circulando livremente, Silvia Brandão disse que sua família está preocupada com sua segurança.
— Tememos pelos nossos, tememos pelas nossas famílias — disse ela, notando que está especialmente preocupada com a sua outra irmã, Sarah, que vive na Pensilvânia e cuida dos filhos de Debora.
— Espero que tudo dê certo — disse ela. — Que tudo isso acabe logo e fiquemos em paz — finalizou.
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