Aluta pelo direito de ir e vir no Amazonas é árdua e desafiadora. A BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho e é o único trajeto que conecta a região com o restante do país, já foi asfaltada no passado. No entanto, enfrenta inúmeras barreiras para ser “reasfaltada”.
Digo “reasfaltada”, pois, diferentemente do que alegam ONGs financiadas com recursos internacionais, nenhuma árvore será derrubada no trajeto, uma vez que a estrada já existe e o traçado está pronto. O que falta é o asfalto, que devolverá a dignidade a uma população que, em pleno 2024, não pode sair por terra do seu Estado.
A situação seria mais simples em Estados da região Sudoeste ou Sul, mas estamos falando do Amazonas, um Estado que preserva 97% de sua vegetação original, mas que paga o preço por manter a floresta preservada, em vez de ser beneficiado por isso.
A ministra Marina Silva, titular do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), é uma das principais vozes contrárias à BR-319, diferentemente do que disse o presidente Lula, em visita a Manaquiri, interior do Estado. A verdade é que ela representa sim os interesses de uma política externa bilionária que busca manter a Amazônia isolada, impedindo o avanço sustentável e a exploração responsável de seus recursos.
Em depoimento à CPI das ONGs, a ministra disse que não seria possível construir uma estrada no meio da floresta “apenas para a população passear de carro”. Essa declaração reflete o desconhecimento e a indiferença da ministra em relação às necessidades das populações da Amazônia.
A BR-319 não servirá só para passear de carro; ela é vital para escoar produtos da Zona Franca de Manaus, importar e exportar mantimentos e itens de primeira necessidade, e garantir a chegada de remédios e vacinas. A ausência da rodovia ficou ainda mais evidente durante um dos períodos mais críticos da covid-19, quando caminhões de oxigênio atolaram no meio do caminho e demoraram a chegar a Manaus.
A fala da ministra revela sua posição contrária à BR-319 e alinhada aos interesses de ONGs internacionais que buscam manter a Amazônia isolada. Vale lembrar que Marina Silva é conselheira honorária de uma ONG que foi investigada pela CPI das ONGs, e existem observatórios que recebem recursos estrangeiros para atuar contra o asfaltamento da rodovia.
Diferentemente do que disse a ministra em uma audiência na CMA (Comissão de Meio Ambiente do Senado), as decisões no caso da BR-319 não são técnicas, mas favoráveis às ONGs, com Marina agindo como uma marionete. Esses obstáculos são criados para dificultar o processo: inventam estudos, impõem exigências e fazem cobranças para atrasar o asfaltamento da BR-319 e nos manter isolados.
Com a rodovia asfaltada, a fiscalização seria mais ágil, permitindo que as forças de segurança atuem de forma mais eficaz contra o tráfico e o desmatamento ilegal, mas isso é ignorado.
Outra entidade contra a BR-319 é o Observatório do Clima, que entrou na Justiça para impedir o avanço da rodovia, suspendendo a licença prévia do Ibama. Esse observatório recebe recursos volumosos de grandes fundos internacionais e outras organizações que atuam contra o desenvolvimento do Brasil, principalmente na região Norte. Dentre os principais doadores da entidade estão o ICS (Instituto Clima e Sociedade), a WWF Brasil e a Open Society Foundation, fundada pelo bilionário George Soros.
O financiamento por grandes fundos internacionais é uma ameaça à nossa soberania e ao desenvolvimento da região Norte do Brasil. Esses recursos sustentam uma agenda que finge apoiar causas climáticas, mas que, na verdade, se opõe aos interesses dos habitantes da Amazônia e ao desenvolvimento nacional.
De 2018 a 2023, o ICS, organização da qual Ana Toni, secretária de Mudança do Clima da ministra Marina Silva, já fez parte, recebeu US$ 67 milhões de fundos estrangeiros que beneficiaram diversas ONGs que promovem a pauta climática, incluindo o Observatório do Clima.
O site do ICS revela que a função da ONG é apoiar projetos e instituições que enfrentam a crise climática e buscam soluções sustentáveis. No entanto, essa é uma fachada para disfarçar sua oposição aos interesses e ao desenvolvimento nacionais.
Ana Toni esteve na CPI das ONGs e revelou que o ICS recebeu:
- em 2015 – R$ 10 milhões;
- em 2016 – R$ 13 milhões;
- em 2017 – R$ 12 milhões;
- em 2018 – R$ 23 milhões;
- em 2019 – R$ 30 milhões;
- em 2020 – R$ 74 milhões;
- em 2021 – R$ 96 milhões; e
- em 2022 – R$ 100 milhões.Esses recursos sustentaram ONGs menores, contribuindo para uma ampla rede de organizações que produzem pesquisas, relatórios e ações contra o desenvolvimento do país e a BR-319. Outra fundação estrangeira que financia estudos, pesquisas e ONGs contrárias à BR-319 é a Gordon and Betty Moore Foundation, que destinou US$ 11 milhões para essas iniciativas.O site do Observatório do Clima está repleto de publicações contrárias à BR-319. Depois da suspensão da licença prévia, foram divulgadas declarações comemorando a decisão.
Nauê Bernardo, integrante do Observatório e um dos autores da ação civil pública, declarou: “Não há governança na região capaz de controlar o desmatamento gerado pelo asfaltamento do trecho do meio da BR-319”. Outro alarmismo exagerado vem de Philip Fearnside, pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), declarando que o asfaltamento da BR-319 vai “empurrar o clima global a ponto de não retorno”.O fato é que a BR-319 é uma novela que nunca chegou ao capítulo final. Foram 5 presidentes da República em 27 anos, sem que nenhum tenha apresentado uma solução definitiva para a rodovia. Dessas quase 3 décadas, quase 10 anos foram ocupados por Lula à frente do Planalto, e outros 6 por sua sucessora, Dilma Rousseff. Em um comício durante as campanhas eleitorais de 2014, em Manaus, Lula afirmou que Dilma retomaria a obra e entregaria a rodovia asfaltada aos amazonenses. Não ocorreu.
Enquanto o Amazonas enfrenta o rigor da seca, o isolamento causado pela ausência de rios navegáveis se intensifica, evidenciando ainda mais a importância da BR-319. Contudo, há esperança no horizonte.
O MTR (Ministério dos Transportes), aprovou a pavimentação da rodovia e divulgou um relatório que comprova sua viabilidade técnica e sustentabilidade ambiental. O estudo conclui que a BR-319 é indispensável para a região, com viabilidade ambiental assegurada e que a pavimentação da rodovia garantirá o acesso a serviços essenciais e impulsionará o desenvolvimento social e econômico da Amazônia. Nos resta saber se os obstáculos serão vencidos para a rodovia avançar.
A BR-319 representa o resgate da nossa dignidade. Não há igualdade nem justiça enquanto os amazonenses estiverem isolados, reféns da falta de uma estrada. O isolamento impede o crescimento econômico e social da região e nos mantém à margem do desenvolvimento nacional.
É inaceitável que, em nome de uma agenda externa, se negue à população do Amazonas o direito de viver com dignidade. Precisamos da BR-319, precisamos ir e vir, precisamos escoar nossos produtos e nos conectar com o Brasil. É nosso direito.
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