A BR-319 conecta Manaus (AM) a Porto Velho (RO) por quase 900 km, mas seus ramais em Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá, no Amazonas, já somam 5.092 km, ou quase 6 vezes mais do que isso.
Ano passado, essas estradas secundárias cobriam 4.752 km. De lá para cá, avançaram 340 km na região. Já de 2016 a 2022, elas cresceram 2.061 km nos quatro municípios avaliados.
Seus principais motores são a grilagem de terras, o desmatamento e a degradação florestal, diz Tayane Carvalho, consultora do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).
“A BR-319 viabiliza o surgimento e expansão de ramais e, juntamente com a BR-230, são os principais vetores de desmatamento nesses municípios”, descreve a especialista.
Imagens de satélites e bancos de dados públicos mostram que a maior rede de ramais está em Canutama (1.755,7 km), seguido por Manicoré (1.704,1 km), Humaitá (1.455,6 km) e Tapauá (176,8 km).
Áreas protegidas também estão na mira. Terras indígenas ao sul de Manicoré estão entre as 10 que mais desmatam na Amazônia, há meses. Ramais se aproximam da Floresta Estadual de Tapauá.
Frear a destruição pede ações como ampliar a fiscalização e sanções para reduzir a impunidade de criminosos, incentivar o manejo para combater a exploração predatória de madeira, e enfrentar ilegalidades na cadeia da carne.
As informações são do Observatório da 319, uma rede de organizações civis de olho na influência da rodovia sobre 13 municípios e 111 áreas protegidas.
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