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Bombeiros do AM homenageiam Adail, alvo de dezenas de processos

Ex-prefeito de Coari, que acumula dezenas de processos e condenações por exploração sexual e desvio de recursos públicos, será agraciado com a Medalha “Imperador Dom Pedro II”
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Mesmo réu em mais de 100 processos e com histórico de condenações por corrupção e exploração sexual de menores, o ex-prefeito de Coari (AM), Manoel Adail Amaral Pinheiro, será homenageado com a mais alta comenda do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas: a medalha “Imperador Dom Pedro II”.

A honraria consta no Boletim Geral nº 163, publicado em 2 de setembro de 2025. Criada pelo Decreto nº 25.717/2006, a medalha é concedida a militares e civis em reconhecimento por serviços considerados de relevante valor à corporação. Além de Adail, outros prefeitos e deputados federais também serão condecorados.

A condecoração, no entanto, causa espanto diante do extenso histórico criminal de Adail Pinheiro, envolvido em investigações que vão de corrupção à exploração sexual de adolescentes, passando por tentativas de suborno e ameaças a testemunhas.

Histórico de crimes

Adail Pinheiro é um nome recorrente nas páginas policiais do Amazonas há quase duas décadas. Em 2008, foi preso pela primeira vez durante a Operação Vorax, da Polícia Federal, por suspeita de desviar mais de R$ 40 milhões em contratos públicos.

Em 2014, foi condenado a 11 anos de prisão em regime fechado por corrupção ativa e desvios milionários do INSS, entre 2002 e 2004, quando era prefeito de Coari. A fraude foi revelada pela Operação Matusalém, que desmantelou um esquema de corrupção envolvendo servidores da Previdência e prefeituras do interior. O prejuízo só com Coari foi superior a R$ 1,4 milhão.

Em 2015, o Ministério Público do Amazonas apresentou nova denúncia contra o ex-prefeito, então já preso, por tentativa de suborno e ameaça de morte a duas testemunhas que o acusavam de estupro de vulnerável. Segundo os depoimentos, mesmo detido, Adail ofereceu R$ 100 mil a cada uma para que alterassem suas declarações.

Pedofilia e perdão presidencial

Adail Pinheiro também foi apontado como líder de uma rede de exploração sexual de adolescentes em Coari, conforme apurado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados. A CPI chegou a denunciar indícios de proteção judicial ao ex-prefeito e pediu a federalização das investigações.

Apesar das graves acusações e condenações, Adail teve sua pena extinta pelo Tribunal de Justiça do Amazonas. A decisão se baseou em parecer favorável do Ministério Público Estadual, que entendeu que o ex-prefeito se enquadrava nas regras do indulto presidencial concedido em 2017 pelo então presidente Michel Temer. “Eu não estou dando o indulto, só estou cumprindo a determinação presidencial”, declarou à época o juiz da Vara de Execuções Penais, Luís Carlos Valois.

Repercussão

A escolha do nome de Adail Pinheiro para receber a maior honraria do Corpo de Bombeiros do Amazonas ocorre em meio a esse histórico judicial. O caso gerou críticas de entidades ligadas aos direitos humanos e à proteção da infância.

Procurada, a assessoria do Corpo de Bombeiros não comentou os critérios utilizados para conceder a medalha ao ex-prefeito. Já os advogados de Adail Pinheiro negam todas as acusações e classificam as denúncias como “mentirosas” e motivadas por perseguição política.

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