O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou que o ataque terrorista do Hamas contra Israel no sábado 7 — o pior já registrado em 50 anos — é resultado do abandono do processo de discussão de paz e de um tratamento discriminatório pelo governo israelense.
Apesar de afirmar que o ataque do Hamas tem de ser condenado, lastimado e não se justifica, Amorim disse que ele “não pode ser visto como um fato isolado”. “Vem depois de anos e anos de tratamento discriminatório, de violências, não só na própria Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia”, declarou o ex-ministro das Relações Exteriores à Folha de S.Paulo.
Como exemplo o assessor de Lula citou o ataque ao campo de Jenin, na Cisjordânia, em julho, para combater o que o governo israelense chamou de uma “cidade-refúgio para o terrorismo.
“Isso não justifica, volto a dizer, mas o que eu vejo é que o resultado dessa atitude, do aumento dos assentamentos israelenses, é a dificuldade de avançar no plano de paz”, insistiu Amorim. “Infelizmente, os governos de Israel que vieram depois [da conferência de Annapolis, EUA, em 2007), deixaram de lado o processo de paz, fizeram vários ataques a Gaza, aumentaram os assentamentos, e tudo isso acabou gerando essa situação.”
Amorim afirma que o conflito atual acaba deixando cada vez mais distante a linha defendida pelo governo Lula, de dois Estados vivendo pacificamente lado a lado. “O que acabou de acontecer é apenas uma demonstração, grave, com consequências, do que acontece pela perda da esperança na paz”, analisou.
Para o ex-chanceler, a “mera repressão” dos terroristas não resolve. “Compreendo a dor das famílias no momento que há um ataque como esse, mas, se a gente quer resolver, não adianta querer ver isso como um fato isolado”, acrescentou.
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