A crítica é para os dois maiores partidos, ou seja, para socialistas e social-democratas, mas foi feita perante os 77 deputados do PSD, nas jornadas parlamentares do partido. O antigo líder parlamentar do PSD Guilherme Silva, que foi deputado até 2015, lamenta que os dois maiores partidos tenham deixado a iniciativa da revisão constitucional para o Chega, que abriu a porta ao processo.
Guilherme Silva foi líder parlamentar do PSD, na Assembleia da República, de 2002 a 2005, e defende que PS e PSD devem articular-se para uma revisão alargada da Constituição. Deixar a iniciativa política para o Chega foi “um pecado original”.
Na opinião do antigo líder parlamentar, socialistas e social-democratas devem juntar-se “para se fazer uma revisão a sério”, e lamenta que exista “uma certa tendência para desvalorizar a revisão constitucional”.
“Há um conservadorismo constitucional de esquerda. Se formos ao preâmbulo, continua a dizer que estamos a caminhar para uma sociedade socialista e sem classes. Ter uma Constituição que mantém esta nota, não se pode dizer que seja de uma juventude fresca e de uma adolescência prometedora”, insiste.
Uma das propostas do PSD, para alterar a constituição, prende-se com o Representante da República nas regiões autónomas. Guilherme Silva diz que os social-democratas querem apenas mudar-lhe o nome e defende que deve haver apenas um representante para as duas ilhas, a trabalhar a partir do Palácio de Belém.
O PSD extingue a função de Representante da República, mas fala num “mandatário para a Região
Autónoma” para “assinar e mandar publicar as leis regionais e os decretos regulamentares regionais”. Guilherme Silva avisa que o partido está “a vender gato por lebre”, como “impostores”.
“Temos de clarificar essa questão: não podemos dizer que estamos a extinguir, mas mudamos-lhe o nome. Não é sério e deixa-nos ficar mal, não podemos ter uma fonte de conflitos e desnecessária”, acrescenta.
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