Brasília, DF – Em depoimento durante audiência de custódia realizada hoje (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou ter sofrido um episódio de “alucinação” e “certa paranoia” para justificar a violação da tornozeleira eletrônica na madrugada de sábado. O incidente levou à sua prisão preventiva.
Bolsonaro, que foi detido ontem (22), participou da sessão virtual conduzida pela juíza Luciana Yuki Fugishita Sorrentino.
Ferro de Solda e Sinais de Avaria
Conforme o termo da audiência, o ex-presidente admitiu ter agido sozinho na tentativa de romper o equipamento de monitoramento, utilizando um ferro de solda. Ele justificou a ação afirmando que tem “curso de operação desse tipo de equipamento” e que sentia uma “alucinação” de que o aparelho continha alguma escuta.
Relatório da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) confirmou que o equipamento apresentava “sinais claros e importantes de avaria”, incluindo marcas de queimadura no local de encaixe.
Em um vídeo divulgado, o diálogo com uma agente de segurança da Seape-DF revela a admissão do ex-presidente:
Agente (Seape): O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui? Bolsonaro: Meti um ferro quente aí. Agente (Seape): Que ferro foi? Ferro de passar? Bolsonaro: Não, ferro de soldar.
Bolsonaro afirmou que parou de usar a solda quando “caiu na razão” e comunicou o ocorrido aos agentes de custódia. O centro de monitoramento gerou alerta de violação à 0h07 do sábado.
Alegação de Medicamentos e Paranoia
Em sua defesa, o ex-presidente alegou que a “certa paranoia” de sexta para sábado teria sido causada pela interação inadequada de medicamentos receitados por médicos diferentes. Ele mencionou ter começado a tomar um dos remédios apenas quatro dias antes dos fatos. Bolsonaro descartou ter tido surtos dessa natureza em outras ocasiões.
À juíza, ele enfatizou que não possuía qualquer interesse em fugir. Também minimizou a vigília convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), dizendo que o ponto de encontro da manifestação ficava a 700 metros do local onde estava em custódia.
STF Analisa a Prisão
Embora a audiência de custódia tenha avaliado a legalidade da prisão e a preservação dos direitos fundamentais do ex-presidente, a juíza não possui poder para revogar a detenção.
A manutenção ou não da prisão preventiva, que foi decretada por um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), será decidida pela Primeira Turma do Supremo. A decisão está marcada para ser analisada em sessão virtual que ocorrerá amanhã (24), das 8h às 20h. A Primeira Turma é composta pelos ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e o relator do caso.
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