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Entidades do Amazonas reagem à taxação imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros

De janeiro a junho de 2024, as exportações do Amazonas para os EUA somaram mais de US$ 270 milhões,
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Alberto Cesar Araujo/AE/VEJA

A recente decisão do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros de aço e alumínio provocou reações distintas entre representantes do setor produtivo e do Governo do Amazonas. Enquanto a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) expressa forte preocupação com os impactos à Zona Franca de Manaus (ZFM), áreas técnicas do governo estadual apontam que os efeitos práticos da medida devem ser limitados.

Segundo o vice-presidente da FIEAM, Nelson Azevedo, a medida norte-americana prejudica cadeias produtivas sustentáveis e dificulta o esforço de internacionalização da indústria amazonense. “Trata-se de uma decisão que distorce o comércio internacional e afeta setores que têm investido em inovação e sustentabilidade”, afirmou. Ele ressaltou ainda que, embora os EUA não sejam o maior destino das exportações da ZFM, representam o segundo principal parceiro comercial do Amazonas, o que torna a sobretaxa um ponto de atenção.

De janeiro a junho de 2024, as exportações do Amazonas para os EUA somaram mais de US$ 270 milhões, com destaque para eletroeletrônicos, motocicletas, concentrados para refrigerantes e peças industriais. Azevedo defende que o governo brasileiro reaja com firmeza, inclusive no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), e crie mecanismos de apoio à indústria nacional.

Por outro lado, técnicos do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) e da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), avaliam que a medida terá baixo impacto sobre a Zona Franca. Segundo a Sedecti, apenas 0,15% do faturamento da ZFM estaria sujeito às novas tarifas.

“Seguimos acompanhando os desdobramentos, mas reafirmo que, para a Zona Franca, o efeito é praticamente nulo”, declarou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Serafim Corrêa. Ele lembrou que a maior parte da produção do Polo Industrial de Manaus é destinada ao mercado interno, e que os EUA vêm perdendo espaço entre os principais destinos de exportação da região — hoje atrás de Alemanha, China, Argentina e Colômbia.

Ainda assim, a Sefaz alerta para possíveis impactos indiretos, como a valorização do dólar frente ao real, o que poderia encarecer insumos importados e afetar a competitividade das indústrias locais. Por isso, o governo estadual informou que seguirá monitorando os efeitos da decisão americana e adotará medidas de mitigação caso necessário.

Para Luiz Augusto Barreto Rocha, presidente do Conselho Superior do CIEAM, a Zona Franca de Manaus é um modelo real e comprovado de desenvolvimento sustentável, que alia proteção ambiental, inclusão social e produção industrial. Ele defende que o Polo Industrial de Manaus (PIM) não apenas gera empregos, mas forma profissionais qualificados, valoriza a mão de obra e mantém um ambiente de trabalho digno e estável.

Rocha destaca que a participação do PIM no Relatório Firmus, do Banco Central do Brasil, representa um marco institucional importante. Segundo ele, ao incluir as percepções da economia real — e não apenas do mercado financeiro —, o BC reconhece a relevância da indústria da Amazônia e fortalece o papel do CIEAM como articulador regional.

Ele também rebate a visão que trata a Zona Franca como um privilégio fiscal, afirmando que se trata, na verdade, de um projeto de país voltado à preservação da floresta por meio da industrialização formal e da geração de conhecimento. Para Rocha, a ZFM é uma “trincheira de esperança” diante da precarização e da indiferença, mostrando que é possível desenvolver o Brasil com floresta em pé, indústria forte e gente qualificada.

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