Em meio à crise diplomática provocada pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, o superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, buscou tranquilizar o setor produtivo do Amazonas. Em declaração nesta quarta-feira (10), Saraiva afirmou que o impacto da medida sobre o Polo Industrial de Manaus (PIM) tende a ser insignificante, considerando o volume atual de exportações para o mercado norte-americano.
“Do ponto de vista das exportações do Polo Industrial de Manaus, esse volume é quase que insignificante para o seu faturamento, faturamento que temos divulgado regularmente nos últimos tempos”, afirmou o superintendente.
Segundo Bosco Saraiva, o posicionamento da Suframa está alinhado à resposta já apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo governo federal. Ele também destacou que o momento exige cautela e prudência, e que acredita na capacidade de articulação do governo brasileiro para reverter a medida por meio do diálogo.
“A cautela e a prudência, nesse momento, devem ser o norte do nosso comportamento. Assim será aqui na Suframa, porque nós acreditamos fortemente na capacidade de negociação do nosso governo e do nosso ministro”, completou.
Medida atinge o Brasil, mas efeito no Amazonas é limitado
A tarifa de 50% foi anunciada por Trump em carta enviada a Lula no dia 9 de julho, como uma reação política ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. O republicano classificou o processo como uma “vergonha internacional” e alegou suposta censura a empresas norte-americanas no Brasil. A decisão acirrou tensões diplomáticas e já provocou reações do Palácio do Planalto, que anunciou possíveis medidas de retaliação.
No entanto, no caso específico do Amazonas, a preocupação é mais moderada. Os dados da Suframa indicam que a maior parte do faturamento do Polo Industrial de Manaus está concentrada no mercado interno brasileiro, especialmente com produção de eletroeletrônicos, motocicletas e bens de consumo duráveis. As exportações para os EUA representam uma fatia bastante reduzida da balança comercial do modelo Zona Franca.
Além disso, setores mais sensíveis à exportação, como o de concentrados para bebidas, também têm como principal destino outros mercados, não necessariamente os Estados Unidos.
Expectativa é por negociação diplomática
Apesar do tom político da medida, o governo federal já iniciou articulações com aliados no Congresso norte-americano e na Organização Mundial do Comércio (OMC). A avaliação interna é que a decisão de Trump tem mais motivação eleitoral do que econômica, e que o Brasil deve manter a diplomacia aberta, mas firme.
Enquanto isso, o Amazonas — e em especial o Polo Industrial de Manaus — segue monitorando os desdobramentos, mas com a avaliação de que não há motivo para alarde. A fala de Bosco Saraiva reforça essa linha: firmeza institucional, mas sem crise desnecessária.

Envie seu comentário