A líder indígena Alessandra Korap Munduruku criticou duramente o mercado de carbono, afirmando que esse sistema ameaça diretamente os modos de vida tradicionais dos povos indígenas. Segundo ela, acordos para venda de créditos de carbono, como os firmados por governos estaduais com empresas estrangeiras, impõem limitações ao uso da terra e não respeitam os direitos das comunidades locais.
Principais críticas
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Restrição ao modo de vida: Atividades como caça, pesca, agricultura e coleta correm risco de serem proibidas ou limitadas para atender aos critérios de geração de créditos de carbono.
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Falta de consulta real: Alessandra denuncia que os processos de consulta são simbólicos e excludentes, deixando de fora grande parte das comunidades e suas lideranças. Ela também critica o fato de que a natureza — que é diretamente afetada — não tem voz nesses acordos.
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Pressa e linguagem inacessível: Os contratos são complexos, com siglas e termos técnicos que dificultam a compreensão. As comunidades são pressionadas a decidir rapidamente sobre algo que desconhecem.
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Risco de conflitos internos: A entrada de recursos pode provocar divisões, disputas e desestabilização nas comunidades, que historicamente funcionam de forma coletiva.
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Perda de autonomia: Alessandra vê o mercado de carbono como uma forma moderna de colonização, que interfere na liberdade e nos valores dos povos indígenas.
Contexto
O governo do Pará firmou em 2024 um acordo com a coalizão LEAF para vender até US$ 180 milhões em créditos de carbono baseados na redução do desmatamento. O Ministério Público Federal tentou suspender o contrato, mas o pedido liminar foi negado pela Justiça em junho de 2025.
Lideranças indígenas vêm questionando esse tipo de iniciativa, que, segundo elas, ignora o direito à consulta prévia, livre e informada garantido pela Convenção 169 da OIT e pela Constituição Brasileira.

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