Foi publicado, em abril deste ano, um estudo do Fórum Amazonense de Reforma Urbana e da Defensoria Pública do Amazonas onde tem-se como fato destacado o aumento significativo de ocupações urbanas na cidade de Manaus, onde o povo crescentemente têm reivindicado o seu direito à moradia.
Segundo os dados apresentados, as tomadas de terras tiveram um salto de 40, registradas em 2022, para 68 ocupações atualmente. As chamadas “invasões” pelo monopólio de imprensa, que busca criminalizá-las, teriam tido um rápido crescimento principalmente por conta do agravamento da crise climática e à falta de atenção do governo do Amazonas em áreas propensas a deslizamentos de terra.
Conforme as apurações, os bairros conformados, em sua maioria, exibem uma mistura étnica de imigrantes (venezuelanos, haitianos, peruanos etc) com indígenas e amazonenses naturais de cidades do interior do estado.
Importante ressaltar que os bairros recém ocupados pelas massas passam por anos lutando contra reintegrações de posse ilegais, a mando os gigantes da especulação imobiliária, assim como contra os mais variados problemas estruturais, tais como: falta de água, luz, asfalto, etc.
A desigualdade social se escancara
Simultaneamente ao crescente número de ocupações populares, dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) indicam que houve também uma crescente no preço dos imóveis na capital. Segundo a Fundação, o valor, que constava como R$ 5,8 mil por m² em 2022, chegou, no último ano, a bater R$ 6,5 mil por m².
Uma tendência perversa que também escancara as desigualdades na cidade é a constante expansão dos imóveis e condomínios de luxo na cidade, evidenciando uma brutal disparidade entre as classes dominantes e a ampla massa trabalhadora.
Segundo dados divulgados pela Brain Inteligência Estratégica sobre o mercado imobiliário no Norte do país e, em especial, na cidade de Manaus, houve um aumento de 310% no número de lançamentos de imóveis considerados de luxo e superluxo ainda em 2023, com valores que chegam a custar entre R$ 1,5 e R$ 3 milhões.
O Estado brasileiro não pode resolver o problema das moradias
O “Minha Casa, Minha Vida”, que surgiu com a promessa de resolver o problema da falta de moradia, tem causado mais problemas do que soluções para as amplas massas em Manaus e no Brasil como um todo.
Apesar de toda a propaganda governista, o MCMV, desde sua implementação, está marcado pelo enriquecimento obsceno de empreiteiras aos custos de grandes obras que não podem solucionar a crise habitacional, segundo dados do próprio governo.
Sua nova versão aumentou o valor máximo dos imóveis para até R$ 350 mil em áreas urbanas e R$ 75 mil em áreas rurais. Entre os anos de 2009 a 2015, o déficit habitacional no Brasil aumentou cerca de 5,9%. Com o crescimento dos preços, a situação tende a piorar.
Às massas populares, resta então o caminho da luta e da intensificação das tomadas de terras a fim de garantir seu direito fundamental de moradia. Apenas somando essas lutas da cidade com as tomadas camponesas em todo o Brasil, os trabalhadores brasileiros poderão garantir sua dignidade.
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