O estado do Amazonas enfrenta uma crise ambiental alarmante, com quase 77% dos registros de queimadas de agosto concentrados em apenas 12 dias de setembro.
O acontecimento foi revelado nesta quinta-feira (14) através de uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, que destaca ainda que o governo do Amazonas respondeu decretando situação de emergência ambiental em municípios do sul do estado e na região metropolitana de Manaus.
A decisão veio após pressão de secretários municipais que denunciaram a falta de apoio dos governos estadual e federal para combater os incêndios, alegando que as condições para lidar com as chamas são precárias. O Ibama, por outro lado, afirmou que os registros de queimadas ocorrem em áreas que não são de sua competência.
Desde julho, o número de queimadas no estado tem aumentado, colocando o Amazonas no topo do ranking de estados com o maior número de incêndios em setembro, com 4.127 focos registrados até o dia 12, de acordo com o Inpe.
Entre os dez municípios mais afetados pelas queimadas em setembro, cinco pertencem à região conhecida como Amacro, a nova fronteira de expansão do agronegócio na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia. Esta região também enfrenta casos de desmatamento para grilagem de terra.
Enquanto a fumaça das queimadas tomou o céu de Manaus e outras cidades da Amacro, o município de Apuí realizou sua festa agropecuária anual, ressaltando a importância do agro na região.
Além das queimadas, a seca dos rios também é motivo de preocupação. Municípios como Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Envira e Itamarati estão em situação de emergência devido à estiagem. Outros 15 municípios do estado estão em alerta, enquanto 13 estão em estado de atenção.
O governo do Amazonas anunciou medidas que incluem a contratação de brigadistas, apoio à saúde para retirar pacientes graves de cidades isoladas devido à seca dos rios e suporte aos produtores rurais que enfrentam perdas devido à seca.
A falta de planejamento e a falta de ações preventivas foram criticadas por autoridades locais, que argumentam que a crise era previsível. A participação de indígenas no combate às chamas também foi destacada como fundamental em algumas áreas.
Ruy Marcelo, procurador de Contas do Amazonas, apontou o alto desmatamento ilegal como uma das principais causas das queimadas. Ele ressaltou a importância de medidas estratégicas e integradas para combater tanto as queimadas quanto a fumaça nas cidades.
Jussara Cury, pesquisadora de geociência, explicou que a seca nos rios é resultado do acumulado negativo de chuvas na região, e as cotas dos rios estão abaixo do normal para a época. A situação continua sendo monitorada com expectativa de recuperação nos próximos meses.
A crise ambiental no Amazonas é um alerta para a necessidade de ações concretas e planejamento para enfrentar as queimadas e a seca que afetam gravemente a região.
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