Já há quem queira uma primeira reforma ministerial para contemplar mais partidos.
O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), no entanto, têm sido poupados das críticas pelos colegas.
Ambos têm sido, inclusive, elogiados por parte dos deputados pelas tentativas de se chegar a consensos, embora nem sempre com o mesmo respaldo do Planalto, avaliam líderes do centrão ouvidos pela CNN.
Zeca Dirceu afirmou que os atrasos na análise da medida provisória da reestruturação do governo federal aconteceram não tanto por divergências de mérito, mas mais por questões políticas, por exemplo. O texto foi aprovado no último dia possível para não perder a validade.
“O governo está com decisões acertadas, só que não dá velocidade, amplitude e previsibilidade [aos deputados]. Para mim, isso está muito claro. O governo decidiu fazer um governo amplo, negociar com o Congresso, dialogar sem impor nada”, disse Zeca.
“Mas, as pessoas têm que saber que ‘essa semana vai acontecer isso. Isso aqui não vai acontecer hoje, mas vai acontecer daqui a 30 dias’. Aí quando chega daqui a 30 dias, tem que acontecer. Isso não está sendo uma constante”, acrescentou.
A ponderação engloba até mesmo o envio de projetos de lei, que às vezes chegam na Câmara sem a própria base saber bem do que se trata, apurou a reportagem.
Questionado sobre o motivo do descompasso, Zeca Dirceu disse ser uma “pergunta de um milhão”. A seu ver, é preciso fortalecer a função do ministro responsável pela articulação política. No caso, Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais.
As queixas dos deputados são voltadas aos ministros Padilha e Rui Costa, da Casa Civil. Ala da Câmara atribui especialmente a Rui Costa a demora na liberação de emendas e na distribuição de postos pela administração pública federal.
Nos bastidores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defende que Lula se declare candidato à reeleição, mesmo que não o seja em 2026, para tirar possíveis rivais do caminho. A intenção de Lira, já se manifestou sob reserva, é que parem de eventualmente competir entre si. Por exemplo, os ministros Fernando Haddad, Simone Tebet e o próprio Rui Costa.
Após a aprovação da MP da reestruturação, ainda em plenário, o líder José Guimarães agradeceu o apoio de Lira e líderes, sem deixar de citar problemas enfrentados pelos colegas.
“[Agradecer] Aqueles que suaram, no diálogo, que compreenderam, que deram crédito ao governo, mesmo com as extremas dificuldades que vivenciamos nesses últimos períodos, com demandas não atendidas, muitas vezes, com chás de cadeira que muitos ministros dão aos senhores parlamentares, com aquilo que não foi encaminhado”, declarou.
Para um vice-líder petista do governo na Câmara ouvido pela CNN, sob reserva, não basta trocar ministros, mas mudar o método da articulação política. Em primeiro lugar, reconhecer que há um problema, o que ainda não é aceito por todos os titulares de pastas, relatou.
A expectativa é que Lula se envolva mais diretamente nas conversas e passe a receber mais bancadas de parlamentares no Planalto.
Na última segunda-feira (5), houve uma tentativa. O presidente pretendia se encontrar com as principais lideranças da Câmara em seu gabinete. Contudo, a reunião foi desmarcada. Vários líderes não estavam em Brasília. Lira havia viajado para compromisso em São Paulo.
Na avaliação desse vice-líder do governo, foi um “erro infantil” do Planalto convocar uma reunião segunda à tarde em semana de feriado.
Indagado sobre o porquê de Lula não ter se envolvido já de maneira mais ativa, afirmou que o presidente “achava que estava tudo bem” com a Câmara. Considerou ainda que as viagens em prol da política externa também atrapalharam.
Envie seu comentário