O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, abriu a cúpula de chefes de Estado presentes à COP27 fazendo um apelo para que Estados Unidos e China se unam para liderar um acordo climático entre economias desenvolvidas e emergentes.
Guterres disse que é dever dos rivais geopolíticos combater às mudanças climáticas para formar o que ele descreveu como um pacto climático solidário.
“As duas maiores economias têm uma responsabilidade particular para transformar o pacto em realidade. Essa é a nossa única esperança para alcançar as metas climáticas. A humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer”, afirmou.
Os líderes dos dois países, no entanto, não estavam presentes no encontro que reuniu mais de 120 chefes de estado do mundo todo para discutir como reduzir e evitar impactos negativos ao meio-ambiente.
EUA e China são os países que mais poluem no mundo.
O presidente chinês, Xi Jinping, recentemente reconduzido a um inédito terceiro mandato no cargo, decidiu simplesmente não comparecer ao encontro, que é o mais importante do ano em relação ao tema.
Seu homólogo americano, Joe Biden, decidiu ficar nos EUA para acompanhar as eleições de meio de mandato, mas prometeu ir à COP27 na semana que vem.
Pequim vinha colaborando até recentemente com o Washington nos esforços para reduzir os impactos das mudanças climáticas, mas suspendeu as discussões depois da visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a Taiwan, em agosto.
Apesar do protagonismo de EUA e China no pacto proposto por Guterres, o secretário reforçou a necessidade de união entre todos os países já desenvolvidos e aqueles que estão em desenvolvimento, para reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa.
“Estamos na luta das nossas vidas. E estamos perdendo. Temperaturas anuais seguem aumentando (…) Estamos em uma estrada para o inferno climático, com o pé no acelerador”
disse o secretário-geral
Guterres propôs um modelo de união em que países ricos e instituições financeiras internacionais providenciem assistência financeira e técnica para que as economias emergentes possam acelerar suas transições de energias renováveis, e não dependam mais de combustíveis fósseis.
Além disso, o secretário defendeu que metade da arrecadação relacionada ao clima deveria ser direcionada a medidas de adaptação climática. “Precisamos de um roteiro sobre como isso será entregue”.
A guerra da Rússia na Ucrânia foi citada pelo secretário-geral da ONU como um dos conflitos e pragas do mundo.
Ainda é difícil mensurar a extensão dos impactos climáticos da invasão de Putin, mas com a chegada do inverno, para muitos ucranianos e russos não haverá alternativa senão voltar a utilizar o carvão para se aquecer, o que deve contribuir para um volume ainda maior de gases causadores do efeito estufa.
Mas independentemente da guerra na Ucrânia, para Guterres, conflitos relacionados ao clima são o principal tema do século. “Mudanças de clima estão em outra linha do tempo, em uma diferente escala”.
O secretário voltou defender metas ambientais menores, com prazo de no máximo cinco anos, e pediu que o G-20, grupo do qual faz parte o Brasil, também acelere a transição para terem economias verdes o mais rapidamente possível.
O secretário ainda conclamou a OCDE acabar com sua dependência do petróleo até 2030. “Estamos chegando perto do ponto em que não há mais volta”.
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