O primeiro debate na TV com candidatos a presidente foi marcado por tensão dentro e fora do estúdio. A radicalização no cenário político recente fez com que o evento não tivesse a presença de plateia. Mesmo assim, a hostilidade marcou a noite, com ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) à jornalista Vera Magalhães durante o debate e briga entre bolsonaristas e petistas na sala onde estavam os convidados das campanhas.

Ao comentar uma pergunta de Vera Magalhães dirigida a Ciro Gomes (PDT) sobre o tema vacinas, Bolsonaro foi agressivo. O presidente tem um histórico de ataques a jornalistas para evitar responder a perguntas, especialmente com críticas a mulheres. Vera recebeu a solidariedade das candidatas Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

“Vera, eu não podia esperar outra coisa de você. Eu acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate como esse. Fazer acusações mentirosas ao meu respeito, você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, afirmou o candidato a reeleição. Na sequência, Bolsonaro direcionou falas agressivas contra Simone Tebet. “A senhora é uma vergonha no Senado Federal. E não estou atacando mulheres, não. Não venha com essa historinha de se vitimizar.”

O deputado federal Rui Falcão (PT), coordenador da campanha de Lula, criticou os ataques. “Lamentável, mas não nos surpreende. Ele é assim mesmo: bruto, mal-educado, violento”, disse. Os aliados de Bolsonaro celebraram quando o presidente fez os ataques contra Vera e Simone.

Tumulto

Apenas quatro assessores de cada candidato puderam assistir o debate dentro do estúdio. Os demais assistiram em um “puxadinho” do prédio, com cadeiras organizadas por partido. Apoiadores de Bolsonaro gritavam durante fala de Lula, enquanto petistas pediam silêncio. O deputado federal André Janones (Avante), apoiador de Lula, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, apoiador de Bolsonaro, protagonizaram uma grande confusão na sala reservada. Os seguranças precisaram intervir para evitar agressão física entre os dois.

Bate-boca

A briga de Janones com Salles incomodou os petistas. Depois do bate-boca, os integrantes da comitiva de Lula colocaram o deputado federal sentado no meio do grupo, de onde era mais difícil levantar e revidar as provocações de bolsonaristas. Não foi o bastante, no entanto, para evitar uma segunda confusão. Enquanto Janones detalhava a discussão com Salles a jornalistas presentes, aliados de Bolsonaro se aproximaram e passaram a imitar o deputado federal com gestos de caráter homofóbico. Janones se levantou e fez uso de palavrões.