“Carreiras que demandam dedicação para aprovação nos concursos públicos nem sempre são escolhidas pois as mulheres enfrentam uma carga de demandas com tarefas diárias e cuidados familiares. Isso ocorre quando o homem não exerce o seu papel”, acrescenta Júlia, que também é pós-doutora em Direito pela Universidade da Califórnia.
Levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Diagnóstico do Poder Judiciário (2019) aponta que os tribunais brasileiros são formados majoritariamente por homens, com apenas 38,8% de representação feminina. A participação das mulheres na magistratura é ainda menor se considerar os magistrados que atuaram nos últimos 10 anos, com 37,6%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira é formada por 51,6% pessoas do sexo feminino e 48,4% pessoas do sexo masculino.
“O cenário só pode ser alterado por meio de deveres que o homem deve cumprir na relação conjugal, como por exemplo suas obrigações nas tarefas diárias da casa, no cuidado com possíveis filhos e nas demandas que frequentemente são associadas às mulheres. A mudança de cultura neste sentido é um grande desafio para que as mulheres consigam se engajar em trajetórias profissionais mais desafiadoras, que demandem tempo para consolidação”, concluiu a professora.
Servidoras
Por outro lado, a participação feminina entre os servidores dos tribunais, analistas e técnicos, apresenta situação contrária à observada entre os magistrados, uma vez que as mulheres representam 56,6% do total dos servidores que atuaram no Poder Judiciário na última década.
As mulheres também ocuparam mais funções de confiança e cargos comissionados do que os homens (56,8%) – postos que muitas vezes não precisam de concurso -, entretanto, o percentual observado é bem próximo ao de servidoras. Além disso, 54,7% dos cargos de chefia foram ocupados por mulheres nesse período.
Reconhecimento
A docente também lembra uma reflexão da filósofa americana Nancy Fraser sobre os paradigmas de reconhecimento e da redistribuição sobre a desigualdade de gênero. Segundo ela, esse reconhecimento está relacionado às injustiças culturais e simbólicas enraizadas nas condutas sociais e perpassa a compreensão da relevância da luta dos movimentos sobre a pauta da igualdade e na afirmação dos direitos.
“Contudo, além do reconhecimento é preciso redistribuição: aqui medidas transformativas que ultrapassem a reflexão e atuem diretamente nos deveres do homem como a licença paternidade. A responsabilidade no cuidado dos filhos não é unicamente da mãe, mas também do pai. A lógica da igualdade, da valorização da mulher (reconhecimento) deve incluir também a valorização do papel do homem em coisas vistas como ‘femininas’, de forma depreciativa, na redistribuição de tarefas rotuladas como da mulher (por exemplo o cuidado dos filhos e da casa). Neste sentido, os paradigmas caminham juntos no combate a estereótipos que reproduzem injustiças culturais, simbólicas e socioeconômicas”, concluiu.
Sobre a Faculdade Presbiteriana Mackenzie
A Faculdade Presbiteriana Mackenzie é uma instituição de ensino confessional presbiteriana, filantrópica e de perfil comunitário, que se dedica às ciências divinas, humanas e de saúde. A instituição é comprometida com a formação de profissionais competentes e com a produção, disseminação e aplicação do conhecimento, inserida na sociedade para atender suas necessidades e anseios, e de acordo com princípios cristãos.
O Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) é a entidade mantenedora e responsável pela gestão administrativa dos campi em três cidades do País: Brasília (DF), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ). As Presbiterianas Mackenzie têm missão educadora, de cultura Empreendedora e inovadora. Entre seus diferenciais estão os cursos de Medicina (Curitiba); Administração, Ciências Econômicas, Contábeis, Direito (Brasília e Rio); e Engenharia Civil (Brasília). Em 2021, comemora-se os 150 anos da instituição no Brasil. Ao longo deste período, a instituição manteve-se fiel aos valores confessionais vinculados à sua origem na Igreja Presbiteriana do Brasil.

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