São Paulo, fevereiro de 2022 – As fortes chuvas das últimas semanas deixaram inúmeras comunidades indígenas e quilombolas sem acesso à água potável no Brasil. De acordo com o Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas do estado da Bahia (Mupoiba), pelo menos 9 mil dos 60 mil indígenas que vivem na região foram afetados, o equivalente a 15% da população nativa. O cenário é de aldeias completamente alagadas e os mais atingidos foram os povos do extremo sul do estado: os Pataxó, os Tupinambá e os Pataxó Hã Hã Hãe.
Em Goiás, a situação se repete. As comunidades quilombolas Monte Alegre, Vão de Almas e Vão do Moleque, localizadas na região da Chapada dos Veadeiros, estão sem acesso à água potável desde o início de janeiro, quando as enchentes afetaram a cidade de Formosa (GO) deixando o Rio Paranã, que abastece as famílias da região, cheio de impurezas. Desde então, a recomendação para as 1,2 mil pessoas que vivem no local é ferver a água contaminada antes de consumi-la.
Maria Helena Cursino, cofundadora da PWTech, startup voltada para soluções hídricas que atua em parceria com a Unops Brasil em desastres naturais, conta que, sem água tratada, pessoas que vivem em comunidades indígenas, quilombolas e assentamentos se arriscam consumindo água de rio. “O problema são os diversos resíduos da lama, além de vírus e bactérias presentes que causam sérios problemas à saúde do ser humano. Beber água sem o tratamento adequado pode provocar hepatite A, giardíase, amebíase, leptospirose, lombriga e diarreia que, inclusive, é causa de morte para crianças de até cinco anos”, pontua a engenheira química.
No entanto, não é de agora que esse problema existe, ocorrendo em grande parte do País. O presidente da Associação Quilombo Kalunga (AQK) de Goiás, Jorge Moreira de Oliveira, conta que o Rio Paranã, na Chapada dos Veadeiros, tem histórico de contaminação por agrotóxico utilizado em lavouras da região. “As chuvas só agravaram a situação das comunidades que sempre estiveram expostas a doenças”, desabafa.
Já na região do Alto do Solimões (AM), 85% das aldeias indígenas da região vivem sem água tratada. “O estado do Amazonas tem a maior bacia hidrográfica do planeta, mas nem isso garante que a comunidade nativa tenha esse direito básico, que é garantido na constituição”, lembra Maria Helena.
Outro registro grave aconteceu há pouco mais de um ano, no Mato Grosso, quando representantes de três povos indígenas das margens do Rio Teles Pires denunciaram, durante uma audiência do Ministério Público Federal, que após a construção de uma usina hidrelétrica na região, a água foi poluída e o sistema implantado não foi capaz de garantir o acesso à água de qualidade. O evento marcou a primeira vez em que a comunidade foi ouvida pela Justiça desde a chegada da usina, há dez anos.
Por isso, sensibilizados com a realidade, a PWTech desenvolve um projeto piloto, em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no assentamento Santa Helena, localizado em São Carlos (SP). Lá, um sistema de purificação de água, capaz de filtrar até 5.000 litros por dia, foi instalado e bombeia água filtrada para famílias da região. “Assim, garantimos que a água fique isenta de bactérias, vírus, coliformes fecais, metais pesados, respeitando os procedimentos do Ministério da Saúde para filtragem de água e tornando-a ideal para consumo humano”, destaca a Maria Helena, cofundadora da PWTech.
Sobre a PWTech
Fundada em 2019, a startup tem como proposta uma solução inovadora que possibilite levar água potável para as regiões mais remotas e carentes do Brasil. Graças a uma tecnologia eficiente, de baixo custo, fácil instalação e portátil, a PWTech garante 100% de purificação da água contaminada com turbidez até 15 UNT.
Apesar de ser uma empresa nova, a PWTech já acumula inúmeras premiações, entre elas: 1º lugar na categoria Água e Saneamento do Ranking 100 Open Startups 2021, vencedora do Prêmio Startup do 13º Fórum de Inovação e Tecnologia da Câmara de Comércio Internacional França-Brasil de São Paulo (CCIFB-SP); 1o lugar do Pitch Live 2021 organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES); e Prêmio de Startup Destaque — Saúde e Alimentação InovAtiva 2019 .








Envie seu comentário