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Presidentes, Política e Ódio Epidêmico

Esse presidenciável não joga pelo racionalismo, não fala tanto de progresso no Brasil e, muito menos, apresenta suas propostas; julga não saber o suficiente sobre os variados aspectos do país, porém, afirma que, se eleito, colocará quem entende no lugar certo.

Leonardo Torres

O Coliseu político brasileiro está posto. Uns cantam e mostram suas artimanhas, que vão desde gritos teológicos até racionalismos verborrágicos; e outros, sequer entraram nesse mise em scene. Contudo, um deles, em especial, possui uma estratégia de campanha singular.

Esse presidenciável não joga pelo racionalismo, não fala tanto de progresso no Brasil e, muito menos, apresenta suas propostas; julga não saber o suficiente sobre os variados aspectos do país, porém, afirma que, se eleito, colocará quem entende no lugar certo. Sua arma (às vezes, literalmente) é outra. Esse presidenciável não quer, de maneira alguma, atingir a consciência dos brasileiros. Pelo contrário, ele busca os sentimentos de indignação e de impunidade que vêm se formando na alma do brasileiro por décadas e os atiça, assim como gasolina no fogo.

Ele afeta a parte emocional de indivíduos revoltados com a violência nas ruas, nos bairros, com a falta de cuidado com os serviços públicos, com a corrupção, etc. Ele, dessa forma, afeta desde o faxineiro do prédio ao C.E.O. da empresa. Sua força é tamanha atualmente que a maioria das pesquisas presidenciais aponta sua presença no segundo turno. A estratégia do candidato pode ser resumida em uma única palavra: ódio.

E o ódio se espalha, o ódio contagia. Segundo minha recente pesquisa científica publicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o ser humano não somente se comunica pela fala, gestos, etc.. Mas também pelas emoções, nos afetamos uns aos outros e, assim, o contágio se dá. No caso, o ódio se espalha. Não é preciso qualquer racionalidade e nenhuma racionalidade é capaz de combater o ódio epidêmico. Esse contágio afeta a parte mais sombria e primitiva do ser humano coletivamente.

Em um país cheio de abandonos de pais, sem heróis nacionais fundadores da nação, nós vivemos uma “síndrome do órfão”, à espera do “pai herói”. Dessa vez, alguns enxergam no candidato o pai herói que combaterá os vilões da política. Mas se esquecem que ele também é político, corrupto, e que espalha o que deveria ser combatido: o ódio generalizado. Afinal, sua única proposta é munirmo-nos de armas e combater o ódio com ódio, armas com armas, violência com violência. Será mesmo essa a única solução para o Brasil?

* Leonardo Torres, 28 anos, é doutorando e mestre em Comunicação e Cultura Midiática.

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