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JEAS em Nova Olinda do Norte: da superação à descoberta de novos talentos

Um dos momentos mais aguardados por atletas e professores em todo o Estado, os Jogos Escolares do Amazonas (JEAs) já começaram e continuam trazendo a felicidade para milhares de crianças, jovens e adultos

Cinco municípios e um sonho, ser vencedor da etapa classificatória da maior competição estudantil do Estado. Sediando o evento estava Nova Olinda do Norte, a 126 quilômetros de Manaus. Dessa forma, Autazes, Careiro da Várzea, Careiro Castanho e Manaquiri se prepararam para chegar até o local onde os duelos iniciaram. Uma a uma as delegações foram se fazendo presentes, mas um longo caminho separou as pequenas distâncias, como foi o caso do Careiro da Várzea.

Para chegar a Nova Olinda do Norte, era preciso usar dois transportes, ônibus e lancha. De acordo com a professora de Educação Física, Núbia Montenegro, apenas duas escolas puderam se fazer presentes para representar o município na competição, coronel Fiuzza e Tancredo Neves. Ao fim do trajeto do ônibus escolar, uma surpresa os aguardava. “Tivemos de nos preparar para essa viagem, então fizemos rifas, bingo, entre outras coisas, para podermos levar os alunos e a coordenação. Quando íamos prosseguir com a viagem, vimos que o barco que nos levaria era pequeno demais para a delegação. Sem dinheiro para que todos pudessem concluir o percurso, tivemos de pedir apoio financeiro aos comerciantes das redondezas, para podermos custear a ida de todos para Nova Olinda”, explicou.

Depois de algum tempo e alguns “nãos”, ainda sim todos conseguiram reunir recursos suficientes para fretar uma lancha e levar todos ao destino final. Mesmo com as dificuldades, Núbia falou da alegria e do alívio em poder chegar na cidade de Nova Olinda. “Graças a Deus conseguimos chegar até aqui. Não foi fácil, tivemos de enfrentar muitas barreiras, mas juntos conseguimos ir além do que achávamos que iríamos conseguir. Faço tudo pelos meus alunos, assim como toda a equipe, e vê-los felizes por terem chegado à competição, fez tudo valer a pena”, afirmou.

Com 70 atletas inscritos nas modalidades futsal, handebol e atletismo, Núbia falou que é a segunda vez que participa do JEAS e, este ano, superação foi a palavra que definiu essa trajetória. “Mesmo com todos os percalços, fomos e vencemos. Não foi fácil, mas a vontade de enfrentar a dificuldade e vencer essa batalha foi maior. Superamos isso juntos e é dessa forma que buscaremos o melhor resultado, tanto pelos que aqui estão, quanto por todos aqueles que não puderam estar aqui”, destacou.

De Bom Intento para o JEAs

Riquison da Silva e Silva tem 13 anos e pela primeira vez participa dos Jogos Escolares. Morador da Comunidade de Bom Intento, distrito de Manaquiri, ele sempre sonhou participar do JEAs, e este ano, seu sonho virou realidade. “Estou muito empolgado, muito. Sempre sonhei jogar o JEAs, mas era muito difícil isso acontecer. Na comunidade onde eu morava, jogava apenas futebol de campo, mas agora estou futsal e quero treinar muito, para ser um grande jogador”, afirmou ele que, junto com sua equipe, já garantiram uma vitória na partida de abertura do Polo 10.

“Desfilei na abertura e já senti meu coração acelerado. Muita gente torcendo, todo mundo se divertindo e graças a Deus eu consegui chegar aqui. Jogamos a primeira partida contra o Careiro castanho e vencemos por 1 a 0. Foi muito emocionante. Vim com meu pai e ele sempre me apoiou, junto com minha mãe e também meus professores. Vou me esforçar para fazer um gol e dar muito orgulho para a minha família”, garantiu o pequeno grande atleta.

Acompanhando o atleta estava o pescador Rivelino Santa Rita da Silva, de 44 anos, que falou orgulhoso do filho, futuro campeão das quadras. “Ver meu filho participando da competição é uma alegria sem tamanho. Ele sempre disse que queria ser jogador de futebol e poder ajudá-lo nesse sonho é uma felicidade para mim também”, comentou Rivelino, que sempre ouviu elogios sobre o talento de Riquison. “Diziam que eu deveria investir nele, pois tinha um potencial imenso. Com muita luta conseguimos levá-lo para treinar na cidade e o que eu puder fazer para que ele consiga realizar os seus sonhos, eu farei”, afirmou.

Assim como Riquison, outro jogador da equipe tornou realidade um sonho de muitos anos. Guilherme Wellington, de 13 anos, sempre imaginou participar da competição e nesta quarta-feira (15/05), a espera teve fim. “Já jogo futsal há sete anos e desde pequeno tinha vontade de participar de uma competição como o JEAs, que une tantas pessoas de lugares diferentes. Muitos participavam, mas eu não havia sido selecionado. Treinei bastante e esse ano, graças a Deus, fui um dos escolhidos para encarar a competição”, explicou.

Confiante, Guilherme falou que já esperava a vitória no primeiro jogo e que seu time vai longe. “Acredito que nós seremos campeões. Eu já esperava ganhar o primeiro jogo, pois treinamos bastante e nos esforçamos muito. Além disso, sempre colocamos Deus na frente para guiar nosso time e essa é a nossa melhor arma”, avisou.

Projetos Gaditas – De acordo com o professor Anderson Bentes, Riquison e Guilherme são integrantes do projeto Gaditas, que tem como objetivo formar campeões no esporte e na vida. Eles treinam juntos em Manaquiri e precisam ter bom desempenho na escola e em casa, para poder participar da competição. “Como professor de Educação Física, sempre estimulei a prática esportiva. Ao iniciar as atividades na Escola Professor Domingos Vasques da Silva, eu e outros professores notamos que precisávamos formar uma equipe de base, foi então que surgiu o projeto Gaditas, que na Bíblia eram guerreiros. Vimos que nossos alunos tinham um potencial enorme para serem guerreiros na vida, cidadãos de bem, então demos início ao projeto, que começou com a avaliação do rendimento escolar”, explicou.

Após um ano de trabalho, os resultados começaram a aparecer. Selecionamos alguns atletas para disputar o JEAs, e tivemos treinamentos intensos. “Alguns eram de difícil conduta, mas conseguimos despertar neles o espírito de guerreiros, de Gaditas. Hoje eles jogam com raça, com amor pela modalidade e apresentam um bom desempenho na escola e diante de toda a comunidade”, comentou com alegria o professor.

Oportunidade – Com o projeto, Anderson pretende percorrer comunidades em busca de talentos, pois muitos não são reconhecidos, justamente por não ter oportunidade para mostrar seu potencial.  “Com a ajuda de alguns parceiros, trazemos os atletas para o município, onde eles recebem treinamento. Um exemplo é o Riquison, nosso ala no JEAs, que tem se destacado muito. Ele é de uma comunidade de Manaquiri chamada Bom Intento e, com muito esforço e ajuda de seus pais, tem participado conosco dos treinos e tem um grande futuro no esporte”, ressaltou.

Donos da primeira vitória do Polo 10, o time infantil de futsal de Manaquiri está feliz com o resultado e quer mais. O professor Anderson confessou estar confiante e agradeceu todo o apoio recebido. “Infelizmente muitas equipes enfrentam dificuldades e por vezes acabam não chegando até o objetivo, mas com o apoio de pessoas que acreditam no esporte, temos conseguido muitas coisas boas. Agradeço ao professor Marcos Beltrão, professor Álvaro Júnior e a professora Márcia, gestora Aline Reis e os nossos coordenadores de esporte do município Ivan Freire e Mystiane Freire, que contribuem muito para o nosso crescimento, assim como os pais, a escola que abriga o projeto e a prefeitura do município. Somos muito gratos e vamos vencer este desafio e mostrar nosso trabalho”, concluiu. 

JEAs – De 15 a 20 de maio, o JEAS continuará com a programação do Polo 10. As equipes vencedoras desta etapa estarão classificadas para a grande final da competição, que será realizada em Manaus, juntamente com os representantes dos demais Polos.

Fotos: Mauro Neto / Sejel 

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